Gazal do pranto de um suicida

Data 05/08/2014 08:17:49 | Tópico: Poemas -> Sombrios

"... Não vagaria outra vez pelo mundo, assim perdido e confuso,
não me agradaria ser apenas mais um espectro desvalido...”

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- Gazal do pranto de um suicida -



Se me levantassem da erma campa onde tenho dormido...
Se momento fugaz outra vez da vida me fosse permitido...

Se despertado do sono pesado eterno, da tumba liberto,
renderia graças plenas a quem tivesse meu desejo acolhido.

Não vagaria outra vez pelo mundo, assim perdido e confuso,
não me agradaria ser apenas mais um espectro desvalido.

Esperaria tão só, numa primavera colher apenas uma rosa,
das tantas mais belas que encontrasse um vergel florido.

De bom grado, nada mais desejaria, já seria de grande valia,
consentido o anelo simples, não era ele assim tão descabido.

Nada mais buscaria no orbe revisitado que uma rosa vermelha,
diante dela, meu desejo singelo teria já sido todo ele atendido.

Rubra rosa, mais bela flor como aquelas de que tanto gostavas,
que eu te ofertava com tanto amor ante teu olhar embevecido.

Rubras rosas, lindas flores para mim sempre foram centelhas,
fulgores da vida que fiz terminar depois de surdo estampido.

Centelhas apagadas da minha vida perdida que se foi tão cedo,
muito embora o caminho seguido, tivesse eu próprio escolhido.

Centelhas luminosas, eram faúlhas do teu amor que não pude levar,
para minha última morada onde por tempos e eras tenho dormido.



03082014

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