O Alentejo

Data 19/09/2014 10:37:01 | Tópico: Textos -> Outros


O Alentejo

Que lindo o nosso Alentejo! Sereno, perfumado, quente, não só no clima mas no seu conjunto de paisagem, gente boa, simpática, abençoada, linda
e acolhedora. O sotaque privilegiado com que nos acolhe, parece um cântico nostálgico dos seus primitivos antepassados lembrando doces cantos mouriscos. Parecem amortecidos nos seus modos diários mas as pessoas são trabalhadoras incansáveis. O Sol brilha quase sempre e as estrelas são fulgurantes como não vejo em outro lugar. A noite é de uma beleza invulgar, calma, perturbadora de tranquilidade silenciosa. Tudo parece dormindo um sono de Paz. A aurora desperta mansamente. Toda a gente se levanta e afadiga a cozinhar e meter nas marmitas o almoço, a janta como dizem, para partirem ainda madrugada pelos campos fora. Os animais tratados. A casa amanhada, em cima do frigorífico, uma torradeira. Todos os atavios de que precisam para um dia de jornada, ali estão.
Calçam botas, meias grossas por vezes de riscas coloridas e feitas ao serão, Apiraltadas! Saias, camisas largas apertadas na cintura por aventais de chita
floreada Os lenços postos de maneira que o Sol não as queime e proteja além dos grandes chapéus de palha que lhes compõem a figura e reforçam o seu bem estar. Os homens acompanham-nas e trabalham nos trabalhos de campo que lhes competem. O sono deve ter sido reparador. A alegria está estampada nos rostos queimados, morenos. Partem e em vários pontos juntam-se e fazem os arrenegas da manhã com os ditos, gracejos e apartes graciosos e divertidos.
Daí a pouco tempo o rancho compõe-se e lá seguem cantando canções lindas, calmosas que já acompanharam os avós do tempo de antanho e sempre recordadas em todas as gerações. A hora da merenda é seguida pela sesta merecida. O petisco geralmente é acompanhado de belo vinho das suas cepas, bem merecido depois de toda a manhã apanhando as espigas douradas das searas ou cegando todo terreno, sachando ou outros trabalhos devidos ao campo. Depois deste calmo ressoar aí partem aos afazeres novamente. Voltam à tardinha, cansados mas alegres, canzeando. Vão-se separando e cada um segue a sua embocadura com os seus rituais costumeiros. Tudo isto é pouco para contar uma vida tão cheia, e um povo tão trabalhador de sotaque castiço e bela nos cantares dos ranchos folclóricos tão ritmados. Terra invejável de costumes e embora não pareça de alegria.
Assim um pouco do nosso Portugal mágico contado e que tanto tem para contar. O Alentejo de encanto visto por uma alfacinha.

Vólena





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