[existe um abismo que lacera a carne]

Data 27/09/2014 05:34:06 | Tópico: Poemas

.
.
.
.
..............................
.
.
.
.
............................
.
.............................
******************************
*****
*
*
***************************
******************************
******

existe um abismo que lacera a carne
que o mar
o devorou

outros nada trouxeram de novo
apenas levaram alguns corpos
algumas praias lisas
distantes
sem areia

deslizando silêncios de novo
recuos engolindo negras quilhas
ilhas isoladas
imanências.

existe um luar que pousa em nossas mãos
dirás pássaro cansado
anel da noite
oceano em flor
deslumbrado

sacudindo a crina
o próprio ar
os doces azuis
acima das altas nuvens
enquanto
fechas teus olhos
nos meus
a pele na pele
[e porque não o arrepio?]

não sei das existências ao redor
nem das fagulhas dos cometas
esticadas
solenes
avançando de frente
destruindo ondas
num rouco gemido
onde vivem
memórias
passos
solidões.

I

deixo a eternidade das paisagens
magnéticas
brilhantes
esse cheiro das açucenas floridas
e que

setembro termine
se evada
instantâneo

a rota nunca será reta
indistinta
perdida.

[existem súplicas assim
descoloridas
ocasionais
sem um arco-íris por perto
também eu].



(Ricardo Pocinho)



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=279255