
Excelência seu doutor
Data 11/10/2014 17:00:59 | Tópico: Poemas -> Humor
| Excelência seu doutor
Em uma pequena cidade Pra banda do interior, Um jagunço muito temido O povo apavorou.
Quando chegou de madrugada, Toda cidade acordou, Seus compassas soltando fogos, Em muito clima de terror.
Alto, magro e cabeludo, Dava medo só em olhar, Mas reunia toda cidade e disse! Era candidato e a ideia iria finalizar.
Naquele exato instante, Que o povo tudo escutou, Alguns as pernas tremiam Outros os olhos arregalou.
Uns já se convenciam Que dele era eleitor, Já levantavam a bandeira Esse é meu vereador!
O povo apavorado, Os que são eleitores conscientes, Preferiram tomar uma pinga, Para dormir ainda mais quente.
Aqueles mais exaltados, Não queriam acreditar, Que tinham que votar no infeliz Que todos veio atormentar.
A campanha logo começa, Santinho pra todo lugar, Os mas fervorosos se benziam, A ele queriam rezar.
Mas muitas coisas aconteceram, Depois que esse quase doutor, Chegou na cidade fingindo Em explorar nosso suor.
E quando a comunidade recebeu, Em casa a foto do Valdemar, Dona Serena perguntou assustada, Esse é o santo que iremos votar?
O homem com voz abusada Em tom alto a intimidar, Com muita arrogância falou, Sim, e nem queira contrariar.
Com os braços estendido, Voz áspera de trovão, Disse o dia está chegando, Votem neste santo do sertão.
As eternas fofoqueiras, Não conseguiram a notícia disfarçar, Foi quando o delegado sabendo, Mandou chamar Valdemar.
Aqui não quero confusão, Meu nobre, excelência seu doutor, Sei que aqui todos já sabem, Querem votar no senhor.
Então peço que entenda, A comoção dessa gente, Desse povo que espera peixe, onça ou equivalente.
Foi quando Valdemar entendeu, A agitação e situação, Confessou que não era o candidato, Veio cumprir uma missão.
Entenda meu delegado, Vou dizer o que aconteceu, Apenas vim comprar votos, Pra eleger o patrão meu.
Diga-me o porquê no santinho? Não tem a foto do então? Nosso povo aqui é muito pobre, Por ti começou uma devoção.
Vou explicar diferente, Que a foto sim é do Valdemar, Mas ele se chama Irene, A bicha não quis se identificar.
Naquele exato momento, Muita gargalhada se ouviu, A mascara de Valdemar ou Irene, Em fim por terra caiu.
Cordel do poeta Elias Barbozza
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