MEMÓRIA AFETIVA

Data 19/11/2014 15:47:48 | Tópico: Poemas

todas as melhores ameaças
rasgaram meus olhos.
não posso dizer que lamento
o nervo exposto,
o rosto por detrás do meu rosto,
as coisas que desaprendi
para aprender.

tudo foi exatamente
gracioso e indelicado
na medida certa
em minha rota de colisão
até a própria desconstrução
das palavras interditas
e da vida.

não me tornei melhor.
fiquei apenas mais densa
e assustada, perdida
entre dois infinitos e um nada,
rimando sem métrica,
e autonomia.

o que valeu mesmo
foram os ossos quebrando,
foi a garganta esfolada,
foi fazer sentido quando
não havia mais sentido
em sentir.

não me perguntes se eu vivi,
não sei
porque não há verdades subjetivas.
disso tudo,tenho apenas uma lembrança:
sempre sangrei melhor e mais intensamente na frente de estranhos

karla bardanza


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