ARANHA-DA-SEDA: GOVERNADORA-GERAL DA SEGUNDA ESTRELA VERMELHA SETENTRIONAL
Data 02/02/2008 12:56:34 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| ARANHA-DA-SEDA: GOVERNADORA-GERAL DA SEGUNDA ESTRELA VERMELHA SETENTRIONAL
A flor do E=mc2 Não somente afogou em mar de breu fúnebre Várias miríades de aranha-da-seda.
Não, não apenas soçobrou seus fios resistentes, insuplantáveis, Que as protegiam em seu novelo-fortaleza de humildade, Intemperança, honradez, soberba.
Não, não tão-só as reduziu á bruma plangente e pusilânime Das tirânicas, nobres, animosas guerreiras que eram então.
Não, não só deixou em seu lugar Gerações e mais gerações fadadas á comunhão Com a periódica dama da perpétua escuridão.
Não, o que ela fez transcende a esta sicária destruição. Transcende bastante ao horizonte do barátrico alabastro Não, vai muito além da robótica, da vanguardista indústria Automotiva, da nanotecnologia, da edificação de arranha-céus Que asfixiam a sua sábia cultural arquitetura de séculos e mais Séculos de colheita do mel. Doravante darei um ninja nesta prosa toda embuchada de rodeios Pra falar bem claramente o que vai no pensamento.
Hoje em dia, a aranha-da-seda não fabrica só seda; Ela é um samurai sem honra: que não honra a si mesma, Nem aos seus. Ela, hoje armada de espada na mais avançada Tecnologia forjada, serve á honra, em mácula banhada, do seu Algoz e reconstrutor. Então, no presente, ela se prepara para Assim, Num futuro iminente, ser a carcereira de uma estrela Longinquamente vermelha, quase sem cor. Eh, Aranha-da-Seda, perdeu sua soberba, sua dignidade, Perdeu seu valor! A flor do E=mc2 muito mais que a vida lhe tomou.
Não, não, é logro meu. Seu povo, há muitos e muitos séculos, Vive enleado a novelos e mais novelos de flagelo. Primeiro, curdos: sem-terra. A viver a mercê dos príncipes, Espadas-chins e monarcas de abissais glebas. Depois, buriladas criaturas sem cinza: presas de uma energia Mortífra. Agora, energia progenitora da vida vegetativa: prisioneiros de sortilégios do cosmo cibernético e do universo da móvel telefonia. Ah, Flor do E=mc2, pelo menos você é arquiteta do novo claustro Da álacre gente submissa, vivente no orientalmente paradisíaco Arquipélago das cinco ilhas.
JESSÉ BARBOS DE OLIVEIRA
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