
flores de bem-me-quer
Data 27/02/2015 19:10:51 | Tópico: Poemas
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No malmequer a chuva continua miudinha. Para apanhar a fragância debruço-me na lufada do vento. Ao vento que desfolha pétalas. Pétalas que adivinham buscas de amor. Meadas de suspiros. Choros de mansinho. Ao desnascer o dia, o orvalho rompe as palavras. A voz mansa dos teus desejos. O lento soprar dos versos com que ateias o meu ventre. Com que pintas à mão o brilho do meu olhar. Com que soltas a Primavera na minha boca. Como a voz que asperges em canto, decompões no nácar do meu íntimo, também desfolham da sépala as pétalas com que adornas os meus seios na inclinação dos lábios cedidos. Abre-se e fecha-se o malmequer estilhaçando gotas
d`orvalho. Também em nós abre-se e fecha-se o corpo entumecido no suor do amplexo. A nudez
abre-se e fecha-se. Abre-se...solta o
deleite. Solta o pólen. Docemente, no outeiro das tuas mãos desabrocham flores… …flores de bem-me-quer.
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