Infinitamente

Data 07/03/2015 16:45:18 | Tópico: Prosas Poéticas

Aprendi com o tempo

a domesticar minha audácia

com sentido de vida

minha fúria confundida

no limiar da razão derradeira


Aprendi com a vida

como soletrar os dissabores

que o tempo impregna a alma

sem nunca ressarcir de poesia

todos os apelos que sustento

e domestico

sem flagelos que a morte tira

ou milagres que a vida

eu sei de amores jamais eu traíra


Aprendi a chegar com o vento

e partir com a multidão

em velada procissão

a nunca trocar minha eternidade

por um punhado de mediocridades

a retemperar as loucuras incompreensíveis

em actos soberanos

de confidentes instintos

tantos, quantos

desafios ou promessas tangíveis

eu quero e consinto

Aprendi a escutar

até as sombras que se desprendem

insólitas na precisão do tempo

e de mim

a caminhar no caminho

em cada aventura

que pressinto

e depois

assim preso a ti distraído

misturo nossas dialécticas apaixonadas

num cálice de instantes ritmados

e antes que a manhã nasça

e morra amanhã

eu tarde nesta noite

me achego simultaneamente

a cada açoite a ti ancorado

emprestando ao tempo que cessa

a luz atraente

que em folguêdos desmedidos

viaja até ao infinito…infinitamente

disponível e resplandecente

onde somente tu e eu existiríamos

camuflados em palavras que desabrocham

gota-a-gota

com graça e sabores deslumbrados

numa réstia de vida espontâneamente

insaciável

FC


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=289083