Prosas Poéticas : 

Infinitamente

 
Infinitamente
 
Aprendi com o tempo

a domesticar minha audácia

com sentido de vida

minha fúria confundida

no limiar da razão derradeira


Aprendi com a vida

como soletrar os dissabores

que o tempo impregna a alma

sem nunca ressarcir de poesia

todos os apelos que sustento

e domestico

sem flagelos que a morte tira

ou milagres que a vida

eu sei de amores jamais eu traíra


Aprendi a chegar com o vento

e partir com a multidão

em velada procissão

a nunca trocar minha eternidade

por um punhado de mediocridades

a retemperar as loucuras incompreensíveis

em actos soberanos

de confidentes instintos

tantos, quantos

desafios ou promessas tangíveis

eu quero e consinto

Aprendi a escutar

até as sombras que se desprendem

insólitas na precisão do tempo

e de mim

a caminhar no caminho

em cada aventura

que pressinto

e depois

assim preso a ti distraído

misturo nossas dialécticas apaixonadas

num cálice de instantes ritmados

e antes que a manhã nasça

e morra amanhã

eu tarde nesta noite

me achego simultaneamente

a cada açoite a ti ancorado

emprestando ao tempo que cessa

a luz atraente

que em folguêdos desmedidos

viaja até ao infinito…infinitamente

disponível e resplandecente

onde somente tu e eu existiríamos

camuflados em palavras que desabrocham

gota-a-gota

com graça e sabores deslumbrados

numa réstia de vida espontâneamente

insaciável

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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Enviado por Tópico
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Publicado: 07/03/2015 22:08  Atualizado: 07/03/2015 22:08
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
Localidade: Ribeirão Preto SP Brasil
Mensagens: 8560
 Re: Infinitamente
Aprendizados que hão de permanecer para sempre são os que se transformam em poemas. Principalmente poemas como o seu, onde nota-se a harmonia entre a mente e o coração. Parabéns , Frederico!

Abraços ....

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 07/03/2015 22:37  Atualizado: 07/03/2015 22:37
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: Infinitamente P Frederico
Quando a vida é tão bem aproveitada absorvendo toda a matéria, espaço, tempo que os anos nos ensinam, surgem belos poemas como este envolvente e insaciável... Parabéns. Vólena