perdida

Data 02/07/2015 16:38:46 | Tópico: Poemas


encontrar-me-ás
um dia
quem sabe...

no equilíbrio azul de um voo
ou no perfume queimado
do incenso na prece

quem sabe
na neve derretida do monte
no resvalo do sol
quando se esconde

quem sabe
um dia
encontrar-me-ás
com teus lábios
exonerados dos meus
tua pele
descolada da minha

quem sabe um dia...
na extinção da hegemonia do teu gosto nos quatros cantos
do céu
da minha boca...
encontrar-me-ás

quem sabe
sem a duplicidade dançante
congestionando retinas
das vestes tuas magentas
desistindo das tintas minhas
vertendo-ses
ora doces
ora em absinto
pelas esquinas

quem sabe se depara
comigo liberta
da comichão
fervilhado nas veias
levando-me a ser
tua musa
(sem a cauda virginal)
sereia

quem sabe
um dia voltarás a me encontrar
sem a 'turvidade' do feitiço

(vous aimer lucidement)

... sem que sejas meu vício






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