Ode ao desaparecimento #.#.#

Data 22/07/2015 13:59:52 | Tópico: Poemas

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Ode ao desaparecimento
(borrando um poema de Drummond)






Já passou dos cinquenta e agora,
Bem mais perto da despedida, aguente firme,
Falta muito pouco, Milton, está quase lá.

Bem mais longe já esteve quando nasceu
Neste mundo inadequado,
Então segure o leme com mais firmeza e não se mate.
O tempo vai piscar nos seus olhos
E você estará nos braços leves do esquecimento.

Quem sabe o mundo, em suas órbitas difusas,
Te surpreenda, coisa pouco provável, mas quem sabe,
Uma boa surpresa na dobra de uma esquina sem pavimento.

Quem sabe esta agonia seja o arado da terra
Preparando o plantio e uma colheita, quiçá, mais feliz.
Não, meu filho, não apresse o apagar da luz,
Você já sabe, morrer também é uma outra ilusão.

Então, não seja dramático, não se mate,
Apesar dessa gangrena no peito exangue, não se mate!

Mais um pouco e terá cumprido este seu carma medíocre
E, por favor, escreva um poema que preste,
Que alegre sua alma quando estiver singrando o atlântico.

Não esqueça, meu filho, neste mundo só os tolos são felizes.








MF.20.07.2015




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