Resta ao menos sonhar com o passado

Data 24/08/2015 14:43:17 | Tópico: Poemas


Foi pesaroso que vi afastarem-se céleres
todos os encantos dos últimos dias.
Já febril ansiava pulsante o coração,
pelos áureos sonhos do peito varridos.
Longe de mim, perdidas na neblina,
esvaídas logo as derradeiras alegrias,
preocupando-me sobretudo se os devaneios
ainda restariam em algum jugar contidos.

Quebrantou-se todo aquele encanto tal,
feneceram os sonhos de júbilo vestido,
na minha frente apenas se portando
como círculos crescentes na superfície
de uma lagoa antes tranquila,
silêncio total , sequer um bramido,
as ondas não atingiram as margens
sequer abalando a dor, cruel artífice.

Aqui estou agora perdido em pensamentos
envolto nas brumas da noite tranquila,
sentido no combalido peito o frio,
vendo algum resto da luz apenas das janelas,
vegeto absorto; se lá fora a vida rola
não me consola o burburinho ao meu lado.

Nas ruas perambulam pessoas apressadas,
a vida segue para elas, parece que tudo cintila
mas minha senda é monótona, não desvio o olhar,
sequer me apercebo da existência delas
restando dormir desejando não ver o amanhã,
ansiando ao menos sonhar com o passado.

24082015



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=298225