Solilóquios de minha’lma II

Data 07/09/2015 16:15:57 | Tópico: Poemas



Insistia em ponderar minha alma que sofria,
no monólogo que a mim que se referia.

“ - Estás enganado, transverso nesse arrazoado!
Não podes sair pelas veredas da vida,
percorrendo a fio montanhas elevadas,
labutando porfiado desde o sol nascer
como peregrino e perseverante esmoler
ter afeto em esmoladas porções,
mendigando amor aos corações
garimpar carinhos no fundo dos vales.”

“Teu sofrimento ora não transforma,
em que pesa mendaz aguerrida fleima
jamais ira expurgar assim os teus males,
não serás outro por que o peito queima.”

Pertinaz insistia minha alma que sofria,
fixa no monólogo que a mim tudo dizia.

“ - Não me tens depurada de teus antigos vícios
nem se corrigiu com sofrer teus nefandos defeitos.
Desejas novação ilícita, procuras artifícios,
queres desbotar teus censuráveis mal feitos.”

“ - Queres um amor para sufocar a lembrança,
daquela que se foi, rompeu, atirou fora a aliança;
queres mitigar a ausência que tanto dói;
se foste o vilão, queres ser agora o herói ?”

Encerrou ela o que achei que fosse conversa,
mas que somente trazia lembrança perversa.

“ - Não tens o direito de iludir quem a mão estende,
na necessidade ingente de esquecer quem te feriu;
confundir sentimentos, magoar quem só te defende,
para acercar-se de ti talvez regozijo próprio baniu."



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