 
  
    	Ai, este meu faducho lisboeta
    	Data 14/09/2015 20:09:25 | Tópico: Fados
 
  |  Ai, este meu faducho lisboeta
  Ai que doce expressão tem este céu nublado Me faz lembrar todos os mais lindos sorrisos  De tudo o que mais amo e tenho na vida
  Céu nublado, a mais bela tela pintada Com suas nuvens maravilhosas em cores Pintado dos brancos a todos os cinzentos  Meu céu alado me faz sonhar mui longe
  Me leva em viagens com tudo o que amo Desses mares, em suas vagas a boiar Acima e abaixo na miragem duma praia Eu me largo completamente à toa
  Estou viajando vestida de liberdade Nessas imagens aladas do meu céu Em suas nuvens os filmes possíveis De imaginar me deixam em êxtase
  São mistérios dos mais belos a guardar Em meu coração com tanta admiração Minhas nuvens se vestem de capricho São fiapos, estilhaços de ar reprimido
  Lá longe, muito alto, um risco rasga o céu Mais abaixo numa perfusão de diferenças Tão belas as fofas de flocos de algodão Disputam a atenção com as pinceladas
  Meu Deus, meu céu, minhas nuvens Que me acompanham todos os dias  Sobre o rio vêem cantar um faducho Bem trinado das mais belas orgias De imagens aos milhares todas juntas Um milagre da Natureza que adoro
  São estas as nuvens por cima do Tejo Ao final da tarde, que me tiram o ar Que me deixam sôfrega de palavras Para as descrever assim de tão belas
  E dificilmente conseguirei enumerar  todas as distintas nuvens do céu deste meu Tejo que viajam ligeiras  e com ele vão brincando a se mirar em suas águas que as reflectem
  Ó meu querido Tejo, rio do meu coração Confesso-me apaixonada pelas tuas nuvens  E todos os finais de tarde lá estão elas Parece que me aguardam e se estendem Com toda a sua vaidade a me encantar
  Enquanto caminho rodo a visualizar o céu E em todo o seu horizonte elas estão lá E sei que se tornaram minhas companheiras Das mais felizes horas de contemplação
  Já há alguns anos que vivo esta paixão Estes encontros matreiros, que me fogem Ao alcance, no limiar e no preciso momento Em que o rio toca o céu a magia surge e Em cada um de todos os dias do ano Uma nova paixão que jamais conseguirei Descrever completamente me arrebata feliz.
  E no mistério da alma de cada lisboeta um faducho malandro se aquieta após o pôr do sol na Graça, na Madragoa e em Alfama.
  Eureka
 
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