Pela vida flanando débil-sútil

Data 11/10/2015 02:53:34 | Tópico: Poemas

“ E como quem o anélito esgotava
Sobre as ondas, já salvo, inda medroso
Olha o mar perigoso em que lutava,
O meu ânimo assim, que treme ansioso,
Volveu-se a remirar vencido o espaço
Que homem vivo jamais passou ditoso.”

A Divina Comédia - Canto I






A tergiversar contumelioso e voraz,
quedou-se agachado sem furor,
tornado sem corar - lhe apraz;
da existência aqualirada o honor
o poltrão-maior à exasperação
para saginar ambíguos ideais,
não corroborou o setentrião,
anelos dos reles bens-materiais

Passou pela vida flanando débil-sútil,
não a exaltou, da proba honra imbuído
abatido por estranha cooptação fútil
sempre agoniado espúrio não coaduna
não teve denodo desespero inícuo
fez do peito o apelido na fraqueza una.
na covardia havido coisa-profícuo.

Ó fúria da inanição, vil tibieza
em profusão labéu instalado
havida minando caráter da torpeza
negou-se reagir de força vazado,
diante dos inexoráveis vaticínios

Não bastam panos do cru algodão,
para cobrir-lhe as vergonhas
quis vestes de realeza - grata visão
da pura seda e fino brocado
da corrupção para sanar desígnios.




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