
Os golfinhos de Galatéia
Data 12/10/2015 14:46:38 | Tópico: Épicos
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Quando todas as sombras começam a furtar geleia, à meia-noite exata, abelhas tendem a desmoronar. Ninguém nunca esquecerá os golfinhos de Galateia, ninfa imortal olhando pedras que rolam à beira mar.
Dois corpos aleijados jamais conterão espírito rude, amorfo gemidos de luxúria ardente não terão eco, tudo se encontra na intersecção da cultura e atitude, a cada sexta feira pode-se ver o ícone guatelmateco.
Saúdo os que vão morrer em admirável loucura, saberei medir os teores do mercúrio ou do vapor, cachaça será mantida num tonel de madeira dura, o coração inquieto foi o passaporte para o pastor.
Talvez ainda alguém se lembre do nome ali escrito, pode ser só loucura, mas acho saudável o momento, admiráveis atos foram feitos em nome do proscrito, para dores das mãos sempre haverá um linimento.
O pó é amargo, nos pés mais que no cálice supremo tento votar mas a urna eletrônica está com defeito, vejo melindres das rajadas de ciumes de Polifemo, o fez matar o vento cobalto que lhe tomou o peito.
O dia do discurso pode agradar melhor que a brisa, quando alguém usa anel de bacharel no indicador, grasnam gansos selvagens na onda que o vento alisa, onde estará aquele que quis quebrar o pé do cantor?
Dê-me uma carta só, não é necessário ser o coringa, bem sei que não posso escrever com carvão gelado, pode estar bom que tanta água esfrie na moringa, no rio Acio foi o sangue do pastor transformado.
Tantas assinaturas existem sobre o selo do lacre, as cordas não cobrem buracos e rasgos de lona; minha coleção de minerais exala odor meio acre, o dedo de Deus está mais nu, não usa pantalona.
Não quero abraçar nada e depois descer das ameias, seria doloroso coibir a passagem do índio sem cocar; pela eternidade vivendo nas ondas que tocam areias, flutuando nas espumas sem à terra jamais retornar.
Nevoeiro transforme em sombra colorida aliterada, sobras congeladas do gás que um dia teve a ideia, parece que nunca mãos invisíveis surgem na estrada, alterando a rota firme dos golfinhos de Galatéia.
Permitindo que tudo possa ser como nunca nada foi, não se colhe o que não se planta, diz o velho ditado; abra o livro na página queimada da obra de Tolstoi, as mãos derretem no nevoeiro dos abissais alados.
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