Quando o silêncio dos trovões é mais forte do que o burburinho dos raios

Data 26/10/2015 00:31:53 | Tópico: Crónicas



“Não sorrio enquanto quando amarro os sapatos. Sorrisos seriam como bandeiras desfraldadas, exaltando a inutilidade atual dos cordões e amarrís diante da praticidade do velcro.”.



Creio que não deva mais dar atenção às pessoas que amaldiçoam o mundo inteiro. Assim como você, estou muito preocupado com determinadas questões semânticas ou mesmo questionando a interpretação teleológica. Tudo isso não importa desde que possamos juntos admirar um amanhecer. Só faça-me o favor de não furtar a neve das tempestades do inverno. Elas estão circulando e já notei que existem faixas de classificação para que possamos observar estrelas junto a uma fogueira. E decididamente, sem você, eu não poderia ouvir outro trovão ou ver a luz brilhante de um relâmpago.

Vou levar um guarda chuva para enfrentar ventos violentos, desmaios dos raios e impressões dos furacões. Sem falar nos drones dos ciclones que causam mais problemas agora do que quando estávamos juntos. Considero as importâncias tanto dos relâmpagos quanto dos trovões ouvindo sua voz sussurrando até que as velas se extingam vez que gosto sobremaneira de tirar o pós das letras antes de iniciar a leitura de um bom livro. Já os não tão bons assim, leio-os mesmo empoeirados. Afinal de contas, o silêncio dos trovões é mais forte do que a conversa dos raios entre si trocando faíscas de amor à lua da lua. Raios podem ser mudos e ter parentesco com velas de estearina mantendo, porém o orgulho. Fico mais tranquilo quanto aos trovões que ribombam a cada hora e 34 minutos.

Mas, continuando é importante dizer que em nenhuma família as cinzas dos antepassados foram obtidas através da chama da manga de um lampião a querosene. Suponha que por um momento, apenas por um insignificante e fugaz momento possa ser quebrado o vinculo existente entre a luz e o som percorrendo distancias iguais em tempos infinitamente desiguais. Daí a importância da distancia entre as pontas e o relâmpago bem como das cargas existentes nos cirros de encontro uns aos outros. A distância tem o poder de anular o som enquanto a luz brilha vez que há uma disparidade entre ambos, avaliada em 25.102.015 segundos em favor do relâmpago e em detrimento do trovão. Que poderá estar usando óculos escuros para não ser ofuscado.

Por outro lado, há de se considerar as permissões e certificados obtidos pelas faíscas conferindo o direito de terem som antes de emitirem luz própria. Trovões ais discretos mantém sempre a palavra empenhada espirrando quando são empurrados para cima de uma estrela correndo o risco de entornarem a Via Láctea. Acho mesmo que é mais importante o espocar da luz a apenas uma milha do pássaro voando descontroladamente numa troika já que a neblina esconde da matilha de lobos a trilhados penhascos, podendo todo som ficar perigosamente pendurado na borda.




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