Soneto da vida tirada a duas parelhas

Data 15/11/2015 13:07:09 | Tópico: Poemas




Inacessível ora a vejo, ó soberana escopo da cega idolatria,
personificação máxima, mas jamais aquiesceu ser regente,
retificar as renques das duras rochas findas num monólito,
obelisco quedo do estuário da sarjeta d’uma existência fútil.

Desnudo-me sem pejo. Impudico, abro e sangro até o peito,
para que os ouça - como se os cantares do poeta angustiado,
fossem mais que sonhos inconsistentes , ilusões que acalenta;
quimeras criadas quando num átimo, a sentiu tão confinante.

Pois de fato quase a tive! Mas não ficou, se foi bruxuleando,
nas semi trevas dos crepúsculos agoniados das incertezas;
pois me iludiram cegantes prazeres venais que deslumbravam.

E foi numa alucinação que concebi a vida tirada a duas parelhas,
uma oportunidade de transcender concretas as suas metáforas.
O mais perto do topo chegar, gratificante pairar acima da terra!




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=301956