Fazendo água de rosas numa fria folha de cacto

Data 22/12/2015 19:49:20 | Tópico: Sonetos


Como os lemingues morrer ouvindo trovão angustiado,
som do ferro frio, catre que bate na velha bigorna.
Pela luneta a caneta de led escreve simples sonhos,
tão barbudo, hirsuto com o peso a cabeça entorna.

Densamente condensa, pensa o anão povoando a mão,
tecendo finos fios de seda ora saídos das cerejeiras.
Se incêndios há, não hei de apagá-los numa só demão,
lembro da lágrima que brilhou nas faces altaneiras.

Numa fria folha de cacto muito fiz águas de rosas,
quando outros rastejaram para esconderem o rosto,
por um longo tempo sob o relógio cansado de agosto.

Já era hora da viagem, dádivas das senhoras idosas,
mas, consegui amaciar o travesseiro quente à frio,
quando a janela apontava para os sulcos do lavradio.



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