No espaço da imaginação

Data 06/01/2016 12:04:07 | Tópico: Poemas

- Eufóricos os momentos que nos levam ao engano, a tentarem cegar-nos para poderem arrombar uma porta fechada. Sabes quem nos haverá de dizer quem somos, quem fomos e quem viremos a ser de novo? Nós!

- Esqueçamos então as teorias que nos levem a ser qualquer coisa que não conhecemos ainda. Ledo engano para nos levar ao engano. Esqueçamos quem somos agora neste momento e seremos algo de maravilhoso que continua vivo em nós!

- Isso! Um modo único de ser, mesmo quando as Eras tomam conta do tempo.

- Há tempos sombrios, desnortes, que deixam sempre muita coisa no ar, em suspense, sem resposta. Depois vagueia no espaço da minha imaginação como foi o caso de ontem, em que o pensamento coabitava com um espaço trancado. Rapidamente se cortou a comunicação, como se o fio descarnasse, ou então fosse violado por qualquer intrusão dessas que acontecem nas novas comunicações, onde te movimentas e nem sempre te orientas no verdadeiro sentido das coisas.

- Sabes, às vezes penso estar a falar com ninguém em nenhures. Isso tem-me deixado sempre em suspense nesse encontro imediato com o nada. Depois e sem direito a defesa, fica o pensamento também a vaguear por aí. Não sei se já sentiste, mas inspiras-me sempre a escrever-te, e também me levas a dançar como dançámos à chuva naquela noite, com uma taça de vinho tinto nas mãos. Lembras?

- Sei sim que te inspiro a inspirares-me! Como sabes, escrever para mim é um vício. Doentio até, se pensar num conjunto de várias ordens do pensamento a levar-me para lugares onde nunca pensei estar, muito menos visitar. Mas sabes que também dói? Dói por dentro. Dói a alma, tanto que às vezes não consigo falar, andar, pensar…só escrever. E escrevo tanto que só depois de escrever é que penso no sentido que dei às palavras depois de as ler. Por isso sinto-me esvair em cada uma, em cada texto, em cada livro, tal como me sinto quando te penso e não te toco, e não te falo e não te vejo…amor, paixão, tesão mesmo que só em refrão.

- Sei disso tudo. Tanto que tenho momentos que preciso fechar os olhos, e em silêncio procurar-te naquele emaranhado de partículas coloridas, que dançam em frente aos meus olhos trancados à luz. Sabes que na escuridão a luz é mais luz! A luz que encontro num fundo negro quase nunca me cega! Há luzes que embriagam os sentidos, e cegam, cegam, a nossa própria luz. Sabias?

-Sim a tua já me cegou uma ou duas vezes. Mas já escrevi tanto e só queria falar-te sobre uma ou duas coisas. Um ou outro pensamento que ficou ontem suspenso, e me impediu de adormecer no imediato momento em que coloquei o corpo no posição horizontal. Óbvio que quando assim é, penso em ti. Esta posição dá cabo de mim, quando amo.

- Sim, mas adiante para mais um ponto, ou uma vírgula neste pensamento que a noite suspendeu. Pois, só porque à noite a luz é mais luz, e o conhecimento dela própria não deixa margens para dúvidas.

- Pois é! Ficou o pensamento em estado de amnésia. Adormeci com ele e acordei com ele. Sabes como sou distraída.

- Eu sei, mas quem não te conhecer deve achar que és assim meio desmiolada ou mesmo uma inteira destrambelhada.

- Sabes que não ligo a coisas e coisinhas. Mas os “mas” colocam-me sempre questões. Por outro lado tenho a minha própria análise sobre os “mas”, esses teus quando me deixas vaguear pela tua imaginação e essa sim, é sublime e gosto muito mais.

- Eu também gosto do gozo que me dá, ver-te assim entusiasmada com o pensamento em diversão. Adoro quando o colocas em acção, determinado a deitar por terra qualquer enredo que possa estar a ser criado na tua imaginação.

- O pior é que as coisinhas aparecem e depois vêm os filmes, os enredos, as suposições. Enfim um rol de coisas que nos levam sempre a conclusões que nem sempre são as reais.

- Mudando de assunto: não me amas como eu te amo, disseste-me. lembras? A minha imaginação é algo somente meu, e a tua, a súmula de alguns tempos nos verbos que transitam e se ordenam mediante a minha comunicação. Agora imagina se todos nós gostássemos do mesmo modo das mesmas coisas, se a cor preferida de todos fosse o amarelo por exemplo, já pensaste que grande confusão.

- Amo muitas coisas, obviamente. Mas, um Homem, quando amo, permito que entre em mim, que me sinta por dentro, que me dê prazer, o sexual também, que me deixe senti-lo também assim….vejo as coisas deste modo. Estarei errada? E tu quando pretendes deixar esse lugar ermo e desceres cá abaixo. Estou cansada de esperar por ti.

- As relações humanas não são fáceis e a confusão é mesmo uma constante….também o é comigo. Pensa em quando nos conhecemos e no que te disse: - Não precisas dar-me a mão. Conheço todos os caminhos de quando ainda tinha a verdade nos olhos. Resulto de um modo de dizer as coisas simples e belas e tu és o meu guia, o meu assunto do dia para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos.

- EU Amo-te sempre mais

- Eu também

Epifania & Ainafipe



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=304142