Vinte e um dias de frio rigoroso e uma expectativa de primavera

Data 14/01/2016 12:12:28 | Tópico: Crónicas

Quando a madeira exposta ao tempo escurece, o queijo estepe está no final da maturação precipitando as brisas da primavera. Derretem o gelo trazendo a todos os lagares o movimento e o barulho alegra das mós esmagando azeitonas. É gratificante sentir o aroma suave quanto a esperança que brilha nos rostos convictos que o inverno findou e a primavera está chegando.

Não significa que o inverno vai renunciar de todo ao prazer de testar a resistência dos casacos. Também de confundir os corações das pessoas diante do lúgubre uivo do vento Minuano voando nas cochilas com geada negra anunciando uma rigorosa estação. Não tão terrível assim já que a sabedoria popular prescreve a necessidade de vinte e um dias de frio rigoroso para a perfeita maturação dos bagos das moscatéis.

Então, o frio já não assusta, nem o inverno foi feito exclusivamente para a hibernação dos ursos polares. Nem as primaveras para aplacar as ameaças frígidas que colocam na cama, impotentes, muitos tratores antes que soe o gongo anunciando o início do segundo ato.



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