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Data 20/03/2016 17:41:28 | Tópico: Poemas

Olha-me...

Começa por prender-me o olhos, como quem se agarra à vida,
depois, encontra-me na descida,
penetra a fundo nas águas já turvadas pelas chuvas
(meu rio é nomeado afluente de temporais),
contorna-me as esquinas, sobe e desce as minhas curvas
(a minha terra é de ímpetos, vai do céu aos meus beirais),

e dilui-te na mistura
do que sou:
um tanto de água impura
(tanto sal a adulterou!),
um excesso de ternura
(que por pouco já pecou...)
cores de vinhas em cultura
(que o outono acastanhou),
e alguns brilhos de outrora
(que a idade não apagou)...

Olha-me...

Segue as veias do meu delta, como quem persegue a foz,
depois, baixa um pouco a tua voz...
respeita o voo das águias que, no fundo, são gaivotas
(o meu sonho é mar aberto, eu navego em fantasias),
não te espantes de temor, à vista das minhas rotas
(só quero levar-te a praias onde sem mim não irias)...

E não te assustes:
O que tenho de adamastor:
(olha de perto...),
é tão pouco, meu amor!




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