As ruas do golpe (AjAraujo)

Data 28/03/2016 14:44:07 | Tópico: Poemas -> Sociais


As ruas do golpe tem cor:
São brancas: mas não são de caras limpas,
Se vestem de amarelo: mas não defendem o pré sal de Monteiro Lobato e seus jeca tatus pra educação e saúde,

Se trajam de verde: mas não espere deles qualquer esperança, não são tangidos pelo desejo de mudança, mas de vingança,
querem de volta o que creem ser seu direito de classe, por herança

As ruas do golpe querem sangrar o vermelho, anemiar como sempre fizeram por séculos o povo sem rosto, que começa a morar dignamente, a ter médico nos sertões, a entrar para a faculdade,do deitado eternamente no berço da miséria

As ruas do golpe tem pacto com a mídia que lhes reforça o ódio de classe, são eles que mimetizam os velhos senhores de engenho travestidos de justiceiros e intolerantes,

Flertam abertamente com a ditadura, homofóbicos e fascistas, que tiram selfies com as forças policiais que outrora foram torturadores,

As ruas do golpe drenam as veias abertas de nossas riquezas enviando pra contas recheadas em paraísos fiscais, pois muitos deles ou invejam os Cunhas ou fazem exatamente como eles,

Se escondem sob um discurso falso moralista mas sonegam impostos, desviam recursos públicos, se locupletam nos privilégios de casta e classe,

As ruas do golpe tem entre seus ídolos picaretas ladrões que os representam no parlamento, autorizados por sentido de classe da Casa Grande,

São eles os impolutos e inocentes das listas blindadas do Moro que irão julgar a presidente cujo crime foi ter derrotado o candidato mais delatado da história deles,

A rua dos golpistas tem sede de injustiça quer ver o Lula tal e qual Tiradentes nas garras do carrasco Moro em seu vestal preto do fascismo que se abate pelo país,

Para eles bolsas deveriam ser privilégios somente para a Casa Grande, como anistias para os seus débitos com o governo, empréstimos para ampliar seus domínios, construir suas mansardas e castelos com recursos dos fundos de amparo ao trabalhador;

As ruas do golpe querem nova tortura para a Dilma a primeira não a matou, tampouco ela aceitou o conselho de renunciar como o Jânio ou se suicidar como Vargas,

As ruas do golpe querem nada menos tudo, nada de democracia, de legalidade, de direitos humanos, de direitos do trabalhador e menos tudo que diga respeito a corrupção de seus pares, como o Poncio "Cunha" Pilatos ou Herodes "Gilmar"

As ruas do golpe no final irão pedir nossas cabeças pois lhes incomodará para sempre - no pouco de consciência que lhes cobrará a conta - a nossa simples existência e tenaz resistência.

AjAraujo, o poeta faz um desabafo em 29 de março de 2016, sobre a situação preocupante do Brasil, no momento em que as velhas forças reacionárias e direitistas tentam de tudo para usurpar o poder legitimamente conquistado nas urnas, afrontando o estado de direito democrático.



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