Nessuno - recitado

Data 31/03/2016 23:41:48 | Tópico: Poemas



Registo auroras com que sonhei
Incontáveis alvoradas em que divaguei.

Triste despertar nublado pela manhã
Ânimo, suturado à letargia n' esperança vã

Magno sentimento da minha essência;
Alma triste rogando ao Céu clemência

Responso o amor ao santo de Lisboa
Irracional prece, num canto, à toa

Algemado à providência que m' atordoa!
Colecciono talismãs e deuses para "protecção"

Hipoteco o amor numa só paixão
Agarro-me à esperança sabendo-a perdida

Garimpo à margem a gema preferida
Anestesio-me lacrimejando sobre o meu verso
Sentencio-me a rendição à força do Universo

Distancio-me da tempestade da indiferença
Incentivo-me com a sua anuência e
Acovardado sujeito-me à penitência
Sofrendo com o desprezo à minha presença

Descubro-me a cada manhã com autoconfiança
Enterro-me a cada noite sem esperança
Ato-me à vida com um fio d'ouro cobreado
Ligo-me, dia a dia em sintonia com a sorte

Minto-me, ignorando o destino marcado
Ergo-me à conquista até que a vida me aborte
Inspiro-me na paixão e amo por intuição

Devaneio dia a dia sem qualquer planificação
Anseio apenas o dia em que eu lhe importe

Manufernandes


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