Roca

Data 22/05/2016 15:41:37 | Tópico: Poemas -> Amor

Já não renasço
como outrora
em cada passagem do tempo

(adormeci o esquecimento)

Agora só remendo
os ciclos das estações
de mais um ano,
fio a fio,
na linha pobre e fraca
de cada entardecer

Já nem costuro
a tristeza às lágrimas,
nem bordo
o coração com ternuras

(tecido antigo da paixão passageira)

O ponto sem linha
foi colocado
nas cores que o fim merece

(beijo perdido no encanto que não há)

E eu sou pano cru
desbotado
de saudade
refugiada num mínimo dedal de amor

(um nó que evaporou no vazio)

E a minha sorte
fica na ponta da agulha
que fere
e sangra as agruras,
no balanço
da roca

que roda de dor.




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