o silvo do comboio

Data 28/05/2016 17:00:27 | Tópico: Poemas


sem nada para fazer
sento as minhas sombras no telhado
na esperança que a lua lhes abra um coração.

a noite passeia-se entre as árvores
e pergunta-me coisas que não entendo
chutando algumas folhas na minha solidão.

passam horas sobre as horas
e tempo sobre o tempo
a fixar dúvidas que se esmagam
nos muros da madrugada
que não vem.

ao fundo nem uma luzinha
treme no céu como verdade.

e eu estranho perto, cada vez mais perto
o silvo do comboio que no momento passa
e minha sombra perde-se e eu corro
na pressa de quem pergunta.

e pergunto senão morro
o silvo porque é que o ouço
como quem ouve a saudade?


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