Foi no sul dos meus olhos que depositaste a entrega serena, a palavra sémen com que fecundaste o poema.
Vieste acordar-me o mar marulhando letras adormecidas há muito nas minhas entranhas e, mergulhando, mesclaste de anil a concha das mãos cobertas de manhas.
Ah! Foi no sul da minha nuca que enfrentaste a guerra solta dos meus cabelos e, docemente, murmuraste a ladainha das sílabas, suave novelo das minhas emoções.
Vieste aconchegando a tua voz nos meus ouvidos como se a sul me rondasse a alegria como borboleta dos sentidos e me estimulasse a magia do pólen presente nas rimas dos tempos perdidos.
Foi no sul, no meu sul que abriste a janela suspensa no limbo do sonho de carinho onde marcaste a diferença quando fizeste do meu colo o ninho do nosso amor.