Todo detalhe é pouco - Lizaldo Vieira

Data 30/06/2016 11:54:23 | Tópico: Poemas

Todo detalhe é pouco - Lizaldo Vieira
Com tanto com a chave do cofre
Só o povo fica no vinagre
Nessa hora o cego desconfia
Quando a esmola perece grande
Porque será que a mesa
Tá mais cara
Para estamos vivendo
A pão e agua
Então enganaram
A plebe
Com a tal limpeza
Da área
Trocaram nada pelo pior
Pra permanecer
No mesmo mané luis
Porque o poço do bobo
Só seca
A vida perece
Para o homem errante
Retirante
Fugitivo da desgraça
Vem em quando
Tarda mais volta
A fome feroz
Nas zonas setentrionais
É garrafa vazia
Latinha de serva
Panela velha
Que não faz mais a comida boa
Virando sucata
Uns trocadinhos
Não sobra
Como garantir a pinga
Pra distrais as lombrigas
Tem bêbado na praça
Reclamando das desgraças
Que empurram os desvalidos
E o caxixe banhando o rio
Onde o peixe padece
E a água apodrece
Enquanto o licenciamento esconde tudo
Lá das festas juninos
Descamba gente sonolenta
Alegres e descontentes
Depois do show de safadão
Ainda bem são João não dormiu
Mais são Pedro jura não mais derrubar
A última árvore das atlânticas
Na mata do junco
Com o bolso vazio
Tem gente recorrente
Aos últimos vinténs
Da bolsa família
Quem diria que um dia
Ninguém mais tomasse
Lambedor de jurubeba
A cura da coqueluche
Anda mais difícil
Veja só essa
Morre o cavalo
Para o bem do urubu
Com dona cabra
Jogador o bode no olho do mundo
De onde vem o esquema que faz golpistas tupiniquins
Revogar uma democracia formação
Nas plagas de bananas
Quando não chove no sertão
Asa branca bate asa
E urubu só fareja
Osso velho
Na festa de beiju
O mais caro é a tapioca
Da loura do Augusto franco
Ninguém fala mais nada
Tem previsões que ela
Vai voltar
O mastro de capela
Seria um rito de homenagem
Ao falo?
O certo é festejar
Pedro
João
Antônio
Santana
Enquanto houver
Milho
Forró e amendoim
Pois se termina são
Muita gente chora
Aracaju é terra boa de viver
Tudo mundo que chega
Não quer mais sair
Enquanto Sergipe
Não for caminhão
Também vou ficando por aqui
Apesar do feijão
Pela hora da morte



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=311148