Paixão, divórcio e farrapos

Data 03/07/2016 16:55:49 | Tópico: Poemas

obs: em vídeo após o texto

Hoje quase acordei e não te senti ausente.
Meu espírito criara-te na minha mente como uma chama do meu ego que incendeia o sonho.
Um pesadelo de amor cego, um amor que suponho, não vi, mas não nego que o vivi e senti!
Senti que não conquistei o teu coração,devido a um amor já inviril e senil que te balbucia a fala e sufoca a alma quando entregas a outrem o teu corpo febril.
Nesta modorra sofri como tu: Um grande amor, que de tão servil aterroriza, como a facada na alma que não cicatriza com o suor do corpo nú.
Talvez possamos vir a amar uma fisionomia nova mas, entretanto,
sonhamos, ansiamos, inconscientemente, encontrar em nós a prova de que podem amar-nos tanto quanto nós amamos, ainda no presente.
Porém, o vazio impera com ou sem dor e, quase de cabeça erguida, rejeitamos como nos rejeitaram e, outra vez, insatisfeitos na vida ficamos à espera do amor que procuramos.
Mas, talvez um dia, talvez já velhinhos, quando o corpo não sinta mais os carinhos, quando só a memória ainda possa senti-los,
nos encontremos noutro sono profundo. Nos encontremos, talvez sozinhos, já meio-farrapos para o mundoe meio – perdidos na cidade resolvamos juntar o que restar dos nossos trapos.
E se assim não for, e se existir a eternidade, então meu amor,
no outro mundo, sem sonhos, manter-se-a a infelicidade
Porém, se existir reencarnação, como consolação, missão ou prémio, então, meu amor, prostrar-me-ei a pedir para partilhar a gestação e renascer como teu irmão gémeo.
Mas, se perpétuo for apenas o jazigo, que cravem no meu caixão
a tua fotografia que guardo comigo, sempre, sempre no meu coração
Recitado em vídeo :



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