Cheiros

Data 19/08/2016 18:52:18 | Tópico: Sonetos


Acre, fundo e bruma, o aroma invasor
cercando os sentidos, minando raízes
de lembranças pardas, não sei se felizes
ou d’asas doridas em queda e queimor.

Acre, indefinível, o cheiro voltava
rasava-me a pele, subia ao infinito
como que a fugir de um logro maldito
ou desafiar-me à esquecida palavra:

Vida. Sangue vivo, útero de luz
marca ressequida, vestígio de sal
vinho consagrado à boca de mel

Sopro frio e fino cortando-me a pele
chama ardente e breve, lambendo o areal
duma praia ausente, onde me seduz

um cheiro sem nome, memória infiel.
* com estrambote



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