Roubaram a Alma ao Povo

Data 05/03/2008 17:08:33 | Tópico: Poemas

Extingue-se mais uma chama,
O odor paira em cores cinzentas,
Reflecte-se nas lágrimas perdidas,
Na loucura feita de tristeza...
Extingue-se tanta beleza,
O amor de uma mãe, memórias e vidas
Nas mãos de labaredas sedentas,
Na justiça que o povo clama.

Corpos queimados sem rosto
Ornam caminhos e florestas,
Já não gritam a dor que os matou,
Que os fez percorrer as trevas...
Almas selvagens, almas bravas,
Almas que o Homem incendiou.
Recordações funestas,
Amargo desgosto.

Escasseia a água,
Mãos lavadas no carvão,
No sangue derramado, sêco,
Nas árvores que nos sorriam...
Escasseiam os que cá viviam,
Que deixaram no imortal eco,
Num fugaz bater de coração
Tanta inconsolável mágoa.

Os campos choram piedosos,
Cantam um dia de descanso
Embalados pela música do vento,
Da chuva que não aparece...
O chão arrefece,
Limpa os olhos por um momento,
Por um segundo intenso
Lembrando os seus verdes vaidosos.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=31409