Poemas : 

Roubaram a Alma ao Povo

 
Extingue-se mais uma chama,
O odor paira em cores cinzentas,
Reflecte-se nas lágrimas perdidas,
Na loucura feita de tristeza...
Extingue-se tanta beleza,
O amor de uma mãe, memórias e vidas
Nas mãos de labaredas sedentas,
Na justiça que o povo clama.

Corpos queimados sem rosto
Ornam caminhos e florestas,
Já não gritam a dor que os matou,
Que os fez percorrer as trevas...
Almas selvagens, almas bravas,
Almas que o Homem incendiou.
Recordações funestas,
Amargo desgosto.

Escasseia a água,
Mãos lavadas no carvão,
No sangue derramado, sêco,
Nas árvores que nos sorriam...
Escasseiam os que cá viviam,
Que deixaram no imortal eco,
Num fugaz bater de coração
Tanta inconsolável mágoa.

Os campos choram piedosos,
Cantam um dia de descanso
Embalados pela música do vento,
Da chuva que não aparece...
O chão arrefece,
Limpa os olhos por um momento,
Por um segundo intenso
Lembrando os seus verdes vaidosos.


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
Autor
Alemtagus
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1421
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
16 pontos
14
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Paloma Stella
Publicado: 05/03/2008 17:16  Atualizado: 05/03/2008 17:16
Colaborador
Usuário desde: 23/07/2006
Localidade: Barueri - SP
Mensagens: 3514
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
A mágoa por essa vida toda violentada nos torna capaz.
Pode ser que sem forças mas no nosso conciente sabemos que temos capacidade.
As lembranças de um sorriso ainda vago, nso deixam a espera de um próximo.
Seu poema meu querido Fernando, tem tanto, tanto de mim, tanto do mundo,
Que não se é preciso palavras.
Mas ainda sim, escreveu deixando um ar de misterio por entre as palavras, o que me deixa a pensar.


Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 05/03/2008 17:39  Atualizado: 05/03/2008 17:39
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7071
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
Tragédias que com um pouco mais de vontade dos senhores do mundo podiam ser evitadas.
Há dinheiro para esbanjar em matando os povos,
mas não há para se eaquiparem de meios para evitar as tragédias.
Muito bom mesmo o teu poema.
A. da fonseca


Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 05/03/2008 17:45  Atualizado: 05/03/2008 17:45
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
Adorei o poema. Recorda-me os incêncios que têm ocorrido cada vez com mais frequência em Portugal e no mundo, e os rostos dos que ficam para contar a (triste) história. Sim... porque outros há que nunca mais verão o mundo... E a Natureza morre...

Beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/03/2008 17:59  Atualizado: 05/03/2008 17:59
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
Olá poeta, seus versos descrevem imagens de sofrimentos e vão caminhando livres, as vezes rimados ou não. A sensibilidade que vejo é como vc descreve com detalhes esse momento. Adorei ler! bjs


Enviado por Tópico
JillyFall
Publicado: 05/03/2008 18:40  Atualizado: 05/03/2008 18:40
Participativo
Usuário desde: 26/02/2008
Localidade:
Mensagens: 32
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
como tanto horror se pode transformar num poema assim...espectacular.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/03/2008 23:14  Atualizado: 05/03/2008 23:14
 Re: Roubaram a Alma ao Povo
Intenso, sentido e ajustado.


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 06/03/2008 11:22  Atualizado: 06/03/2008 11:22
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 Roubaram a Alma ao Povo para o Al
Meu querido mas que versos tão profundos e cheios de uma intensidade que nos derruba como se nós fossemos também culpados, não o somos?

Amei a intensidade, tudo!

beijo em ti*