… ser-te!

Data 07/03/2008 13:09:29 | Tópico: Poemas

Desfolhar voraz o fogo-fátuo enfebrecido
no ardor íntimo d’azeite a exaltar-se.

Roçar a palidez láctea da carne (da tua carne),
morosamente
no lento vagar d’orvalho descaído em pedra basilar.

Sem medo deslizar espinhos (libidinosa melancolia),
raspão sereno de seda em pele nua,
ou tão-somente,
bruma ascendida da mão ao antebraço da ilha,
ali, no lugar ermo
onde o luar cambaleia, tropeça mas não vacila.

Descamisar distâncias na lisura macia da hora brava,
ser da cisão, o punho erecto, a espada suportada
que deslaça nós de ventos,
d’enredos, de discórdia e de desdita.

Ser-te, sendo,
de ti, de mim (de nós) a espera coscurante,
a luz lavada, límpida e perfurante
no palmilho demarcado de um dia,
e nesta noite, amado,
nesta noite desmesurada de tão grande,
tal sovela afilada que duro couro, audaz, pungia…

… ser-te, sendo!
Por um instante, seria!




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