“Outono, no banco do Jardim”

Data 23/10/2016 18:29:31 | Tópico: Poemas

“Outono, no banco do Jardim”

Na voragem de cada outono
as folhas pintam-se de cores quentes
contemplo o interior de cada pensamento
numa qualquer folhinha amarelada
num banco de jardim solitário
pelo meio de uma liberdade que
a solidão do momento me proporciona

E para que as ideias possam vagar
por entre toda a beleza que pulsa
eu me deixo quedar absorta a admirá-la
pequena no meu tamanho e medida
feliz na simplicidade dessa beleza impar
que se mostra e se deixa admirar naturalmente
perfeita, magnifica e mágica em tudo o que contem

E porque a alma não pode
alimentar-se apenas de realidade,
é preciso deixar-se sonhar
sonhar intensamente e
deixar-se levar pela irrealidade
de uma felicidade que
quase nunca está presente na vida
de um amor imenso, tantas vezes
não correspondido
de uma realização pessoal
ou profissional que não acontece
e, por momentos, transportados nos sonhos,
somos felizes na imaginação possível
de tudo o que deveria ser e não o é
enquanto a mente divagar o tempo necessário para sonhar
a vida avançará um pouco e saltará
com mais força um desgosto, um desamor,
uma profissão mal paga, uma dor que não passa...
quiçá, apenas uma dor de alma!

Eureka, um domingo de outono chuvoso no jardim



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