as minhas mãos

Data 01/11/2016 12:40:03 | Tópico: Poemas

para que me servem as mãos?
não consigo abarcar a terra
da vindima à foz de um rio
juntar o pão e as bocas invernais
derrubar distâncias entre o céu e a alma
fazer da palavra a guerra
entre o perto e os rituais.

e se depois da colheita
e do pão na mesa
destilo da uva o Outono
estranho a missa que me enlaça
na paisagem que se enrola
na vida que por mim passa.

junto as mãos como oração
e o céu nunca me ouve.
quando te percorrem, a ti,
pássaro dourado
das minhas noites ternas
não chegam para agarrar-te,
enredadas e inseguras
entre entre a lua e as tuas pernas.
e é,
só a distância de um passo
passo que passa e não anda
mão que não sabe decerto
que a outra mão não manda




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