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Data 17/11/2016 00:34:39 | Tópico: Poemas
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Pretensão
Quando nasci, mudei o mundo. Longe de saber dessa idiossincrasia cósmica, Vivi humildemente minhas mediocridades À parte de todas as tragédias inerentes.
E caminhei a esmo, burilando o destino Da raça humana, dos quadrúpedes, Das árvores, toda a natureza e, Tudo isso sem me importar, Por exemplo, se o número de suicídios Aumentaram e em que medida, Ao dobrar daquela esquina e não em outra?
O mundo estaria melhor ou pior, Se aquele poema ficasse Na inocente forma de zigoto ou, Todos precisam ser ainda fecundados, Mesmo depois de “prontos”?...
Tomei espaço de quem mais precisava Nessa maldita/bendita poltrona ou pior, O vazio era a harmonia adequada E, desequilibrei a lógica delicada De uma decisão muito importante?
Coincidentemente, neste exato momento, Alguém, pleno de desespero, Salta do andar mais alto de um edifício.
Se eu me levantasse agora e saísse Pela mesma porta de vidro que adentrei, Uma vida seria poupada, e, para quê?
O que me conforta e me desespera É que não para de nascer pessoas, Todas minhas cúmplices, E para o bem ou para o santíssimo mal, O mundo vai dando à luz, Essas almas tão perdidas quanto.
Este poema irá mudar alguém, Imperceptivelmente, Ninguém irá notar, nem mesmo Aquele que o lê demoradamente, E, amanhã ou depois, O mundo, diferente, bem diferente, Seguirá seu curso redesenhando os rios, Sob a influência de um poema sem importância, Mas tudo será mesmo insuspeito. E não adianta esconder na estante Ou qualquer outro lugar. A vida é sempre inexorável nos detalhes!...
Gastei um bom tempo, sentado nessa livraria (sempre uma livraria), escrevendo isto, Quando já deveria estar bem longe daqui(?).
O mundo já não será o mesmo, posto que, Uma guerra está sendo engendrada e, Principalmente, escrevi mais um poema.
Milton Filho... 10.10.2016
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