mil tons de azul abaixo da superfície

Data 14/02/2017 14:03:04 | Tópico: Contos -> Minimalistas



Fechou os olhos e equilibrou o sentimento para tocar a linha esticada e poída quase ao ponto de se romper. Assim, de olhos fechados, se sentia mais confortável para melhor sentir a extensão da fragilidade do afeto. Talvez a causa do desfio tivesse nascido de si por não ter aprendido a transmitir a intensidade do que lhe residia ou, tenha sido pela insatisfação do elo que segurava o outro lado da ponta, por querer tramas grossas e coloridas. É certo que nunca fora de carregar ramalhete de flores e nem tampouco sobejar mel das palavras...Mas será que nunca foi percebido o bater de quatro asas durante os voos dentro dos círculos de cada abraço... Nunca foi observado o marulhar do mar, as praias e o azul no alto esticado ao máximo para se estampar de todos os alados imagináveis, quando labios se queriam e se juntavam? Nunca foi sentida a brisa fresca, ainda úmida da madrugada, quando olhares, pelas manhãs, se misturavam? Então assim, de pálbebras descansadas naquela introspecção, entendeu que doces palavras não requerem esforços para compreensão e... Como são bem vindos os imediatos afagos banais ... Como é difícil captar as profundezas de um sentimento que só quer bem. Não, não iria engomar a linha para dar impressão de resistencia. Se do lado outro o puxão se detivesse firme restaria o rompimento da ligação e seu próprio mergulho para os reinos abissais.



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