
Todas as Palavras!
Data 20/03/2017 00:27:56 | Tópico: Poemas
| V
ninguém escreve decassílabos aos telemóveis e muito menos tragédias.
ei-los que tocam desgarradas nas escuras salas de cinema, onde todos os romances são possíveis e todas as aventuras acontecem...
as grandes e as pequenas!
não oiço rimas quebradas aos astros no firmamento, aos peixes no mar e aos homens na terra.
nem à tragédia de Camões zarolho em guerra com as Ondinas, aflito a nadar.
VI
repara bem no que te digo:
é uma pena que o Alegre não escreva poemas menos sérios e que os sermões do Vieira caminhem, como loucos, do zénite e dos cardumes ao nadir e aos costumes.
tristes estão os escamudos na água! mudos na terra com a mudança os homens!
sem palavras!
VII
e ao sétimo dia revelam-se todos os vocábulos.
é a poesia. é ela que tudo destapa.
e nada escapa ao primeiro léxico dos primo poetas que no banho, na espuma das águas irmãs do Tigre e do Eufrates, mergulham na palavra única.
era quando nem fala ainda havia, porque Babel crescia entre zigurates do tamanho da língua antiga:
que era una.
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