Então, pede-me que a esqueça...

Data 25/03/2017 21:59:02 | Tópico: Poemas



E então, pede-me que a esqueça,
- assim despreocupada, tão serena,
como sendo coisa que fácil aconteça
fosse um amor apenas emoção amena.

Nada sou, só grão de areia no deserto,
rolado, levado pelo vento inclemente;
jamais levantaria as dunas por perto,
tão insignificante que sou certamente.

Como íngreme penedo na falésia fincado,
também não posso conter o vigor do mar;
tácito, deixo-me então açoitar conformado,
a mim impossível seria o fragor rechaçar.

Poderia a cana do frágil junco conter o vento,
nas matas resistirem as frondes ao vendaval?
O mesmo Sol nasce a cada manhã com alento,
mas não resistem as folhas ao temporal.

E então, pede-me que a esqueça,
- assim despreocupada, tão serena,
como se ao andar aleatório dessa caleça,
dominasse também eu de forma plena.

Sou apenas poeira caída de uma estrela,
um nada diante do esplendor de Aldebarã,
jamais poderia sequer pensar em esquecê-la,
encantado que estou na sua magia, a liça é vã.





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