Sobre os dois passos e o morrer ante o Paraíso

Data 18/04/2017 12:18:58 | Tópico: Poemas

Desde os primeiros passos até tantos deles aos centos, cadenciados se vão,
permeados de transpiração arfante,
mas é a indecisão que marca todos os movimentos,
e qual o suor a fluir da pele é sensação inebriante.
Não posso ser quem quero,
nem de plano ter ao que aspiro,
mas... por Deus...
posso se muito sonhar com o caminho.
Penso que talvez tenha sido vingança,
cogito num suspiro, teria sido brincadeira de mau gosto,
teu querer um gesto mesquinho.
Tudo começou de forma tímida, fui a flor, eras o colibri, então...
deixei-me perseguir como a corça assustada, despertando toda a cobiça do caçador em ti,
e de repente, fui pela paixão tão cega devastada.
E o desejo deixou o reduto acorrentado da razão,
realizou-se em veludos e cetins de alcovas furtivas,
de tantos gozos plenos acalentado até pela antevisão,
as culpas afastadas entre gemidos e íntimas assertivas.

Sempre me acena à frente a visão do que sou,
o fato consumado, quando me congela o sangue
fazendo-me retomar o pouco juízo,
digo que os passos foram gotas de orvalho ao sol da manhã sublimando,
quando me sinto exangue, quase a morrer a dois passos do Paraíso.



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