Até Logo!

Data 20/05/2017 22:14:44 | Tópico: Poemas

Reminiscências antigas
De um passado longínquo
De outras eras, outros amigos
Que me servem de prólogo
Para este texto ambíguo
Cujo título será " Até Logo".

Era uma noite mal dormida
Meu corpo cansado pedia ócio
A fadiga do trânsito, dos negócios
Uma voz em melancólico monólogo
Deixava minh'alma mal ferida
Quando repetia: Até logo! Até logo!

Talvez fosse o sibilar dos ventos
Daquela noite estranha e intempestiva
Que me surrupiava os pensamentos
Elevando-me ao mundo dos entes mortos
De uma forma ilusória ou imaginativa
Repetindo: Até logo! Até logo! Até logo!

Foi bizarro e bisonho a noite fatídica
Nem um pio de pássaros do lado de fora
O medo e o pavor me furtavam a força física
Quando me aproximei da janela, abri a cortina
E percebi um vulto distorcido de uma senhora
Repetindo o monólogo: Até logo! Até logo!

Não pude conter meu grito de espanto
Algo tenebroso adentrou todo o meu ser
Por mais que eu tentasse não conseguia entender
O que se passava próximo ao meu recanto
De repouso e lazer ( Agora mesmo a Deus rogo)
Ouvindo tal canto: Até logo! Até logo! Até logo!

A figura feminina trazia os cabelos alvejados
As vestes eram de uma claridade ofuscante
A pele alva dos corpos inertes não identificados
Pelo meu cérebro que paralisava-se neste instante
Quando percebi que o vulto estava bem próximo
Surrando os meus ouvidos: Até logo! até logo!

Acho que desfaleci no crucial momento.
Amanheceu o dia morno, sonoro e azulado
Quando dei por mim estava no sofá, deitado.
Balançava uma folha de papel pelo vento
Que entrara pela janela isenta de escorvo.

Peguei da folha. Era o poema de Poe, "O Corvo".
Até hoje, quando me lembro, ainda choro
Das letras garrafais na vidraça que diziam: Até logo!








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