O Ar e o Vento

Data 12/06/2017 13:48:37 | Tópico: Poemas

O vento que iça a bujarrona,
Procura do ar a pureza perdida
E açoita insurgido a água poluída
Avocando o dever de varrer a tona

Seu lamento uivando na vela afoita
Sustenta por oficio a gaivota branca;
Em solitário revoar alva pena arranca
E lhe dá por alento antes que anoita

Pranteia ao mar com descuido tanto.
Nele afoga da castidade a esperança
Sem mais da pureza azul reter lembrança...
Vencido enluta a areia pura seu pranto

Forte, impetuoso e quente agita o mar
E empurra nas velas a gente errante
Estranha gente que ainda infante
Semeia a autofagia degradando o ar.

O ar, gáudio ímpar do pulsar perene
No sorriso procriador da natureza
Agora fusco, venal, rarefeito de realeza
Infla a bujarrona com fumo de querosene.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=324637