conflituoso

Data 28/06/2017 20:11:32 | Tópico: Crónicas

Eu trabalho cerca de trinta e seis horas semanais.
Não importa qual a minha profissão.
O meu coordenador, que carinhosamente é tratado por chefe (ele resmunga e diz que chefe é índio), é um indivíduo empreendedor, de feitio difícil, com uma chefia autocrática. Raramente é injusto com os seus pares.
Não é amigo de nenhum.
Entrando na filosofia da formação contínua e no aperfeiçoamento dos profissionais que coordena, tem investido do seu tempo a formar-nos em workshops subordinados ao tema da comunicação.
Um dos últimos foi a gestão de conflitos.

Entre outras, as formas de resolução de conflitos abordadas foram: O ganha-ganha, o ganha-perde e o perde-perde.
Como o próprio nome indica, cada uma destas resoluções tem um desfecho diferente.

Conflito, vem do grego conflitu que era o indicado quando algum camarada batia com os cornos num calhau. Opiniões diferentes=conflito.

No caso do ganha-perde, há uma das partes que ganha ascendente sobre a outra. Ou por argumentação, ou por diferenças de poder, ou por pura cobardia por parte de quem perde.

No caso do perde-perde, de todos o mais ridículo, ambos são tão conflituosos e casmurros (um grau de estupidez, inefável e que pode ser confundido com teimosia, e até com a benévola persistência) que nenhum cede, logo o conflito resolve-se não se resolvendo!?...

No ganha-ganha o perfume adensa-se.
Destinados aos comunicadores que optam pela assertividade (ó coisa mais linda, mais cheia de graça... que é saber ouvir, pensar (muito importante) e ajudar ambas as partes a chegar a um consenso, nenhuma perde) e ninguém perde, ou pelo menos fica com a ideia que não perde tudo, ou se não ganha, fica empatado.

Detesto a palavra empate.
Lembra-me empata fodas. O tipo que não come nem deixa comer. Um atrapalhante.
Nos jogos da bola dividem-se os pontos. Não concebo que seja um ganha-ganha, apenas não é um perde-perde. Antes um ponto que nenhum!
mas...

E aquela conversa em que os argumentos são tão bons, inteligentes, elevados que apesar de diferirem, completam-se.
Como um coito...


Post Scriptum: o papel do cobarde, amiúde é meu...



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