Nívea flor da infância

Data 30/06/2017 14:58:18 | Tópico: Poemas

O perfume de tua rua,
Oh nívea flor da infância,
Inebriante de ti exalou!
No doce lumiar da lua,
O aroma se multiplicou
De vida em abundância.

Tua inocência e alvura
Ainda guardo comigo;
Saudoso e enlevado olhar
Do Infante que foste abrigo.
Abrigo, palco e pomar
De frutos da seiva mais pura.

Ao longe estridente ruído
Rumo a Ponte Seca se move,
Acusa atento o ouvido...
(Evento que contigo combina);
É do expresso das nove
Ou então da Litorina.

Toldam-se te as pétalas e o dia
E como a saudar-te nos campos
E na várzea que escurece esguia,
As cigarras cessam o cantar,
Piscam acolá mil pirilampos
E o sapo-boi se põe a coaxar.

Na dança dos pirilampos,
A noite vagueia morna,
E invade-te silenciosa a janela;
Com suas vestes junto a dela,
No brilho que a lua entorna,
As estrelas a fazem mais bela.

A noite em ocorrência singela
Por obra de pane da “light”,
Se apresenta então traiçoeira
E em pavor te toma pra ela;
Num esgar heroico vai-te
Tua luz acender na fogueira.

A luz que jamais se apaga
É a que trago no coração!
A imagem nele impressa
Retrata de santa saga
Vivida naquele torrão
Menino feliz e sem pressa.



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