Poemas : 

Nívea flor da infância

 
Tags:  noite    lua    dia    infância    rua  
 
O perfume de tua rua,
Oh nívea flor da infância,
Inebriante de ti exalou!
No doce lumiar da lua,
O aroma se multiplicou
De vida em abundância.

Tua inocência e alvura
Ainda guardo comigo;
Saudoso e enlevado olhar
Do Infante que foste abrigo.
Abrigo, palco e pomar
De frutos da seiva mais pura.

Ao longe estridente ruído
Rumo a Ponte Seca se move,
Acusa atento o ouvido...
(Evento que contigo combina);
É do expresso das nove
Ou então da Litorina.

Toldam-se te as pétalas e o dia
E como a saudar-te nos campos
E na várzea que escurece esguia,
As cigarras cessam o cantar,
Piscam acolá mil pirilampos
E o sapo-boi se põe a coaxar.

Na dança dos pirilampos,
A noite vagueia morna,
E invade-te silenciosa a janela;
Com suas vestes junto a dela,
No brilho que a lua entorna,
As estrelas a fazem mais bela.

A noite em ocorrência singela
Por obra de pane da “light”,
Se apresenta então traiçoeira
E em pavor te toma pra ela;
Num esgar heroico vai-te
Tua luz acender na fogueira.

A luz que jamais se apaga
É a que trago no coração!
A imagem nele impressa
Retrata de santa saga
Vivida naquele torrão
Menino feliz e sem pressa.

 
Autor
Manito
Autor
 
Texto
Data
Leituras
627
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 30/06/2017 15:05  Atualizado: 30/06/2017 15:05
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: Nívea flor da infância
Lirismo exacerbado e bem ao meu gosto. O corpo do texto é bem desenhado e cantado com maestria. Apenas não entendi motivo de tarja para maiores de 18. Um forte e fraterno abraço!


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 30/06/2017 17:14  Atualizado: 01/07/2017 04:14
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: Nívea flor da infância
Estamos perante alguém com uma linguagem muito trabalhada. Dum lirismo que acontece em cada poema. Arrisca-se a entrar por um caminho quase épico e é daquele tipo que da prazer em ir buscar um dicionário para traduzir a mensagem.

Na forma optou pela rima. Um pouco anarquica porque nas duas últimas estrofes é interpolada, há também cruzada e emparelhada.
Excepto em "pirilampos" não falhou uma única vez.

O elogio da infância é-me querido. É quando a inocência é real e a pureza ainda possível.
Procuro tanto isso em mim depois de tanto a perder...

Bem-vindo aos meus favoritos.