
VELOCIDADE MÁXIMA INVERTIDA: DE “CENTO E VINTE” A “ZERO”
Data 16/07/2017 20:33:24 | Tópico: Poemas
| 120: ÚLTIMA PARADA: Fui longe demais: nem entendo ainda onde estou Lugar de poucos sinceros amigos e raros desejos Quase todos iguais: diria que aqui todos sãos iguais Silêncio total: vejo anjos silenciosamente voando
110: QUASE CONCORDANDO EM IR: São tantos que me ajudam e outros desejam que eu vá Bobagem: um pouco caduco, lerdo, aborrecido, incomodo Tal de fralda, mamadeira, cadeira de roda, de banho Um sol pela manhã, ao meio-dia to no frio, à tarde volto
100: AINDA NÃO SABIA DE NADA Passaram um ano comemorando até que chegou, já sabia: Quando se marca o tempo, o dia chega; tempo marcado dói E o tempo anda de ré, vai empurrando a gente e não pára Não inventei o tempo, não me deram controle do tempo
90: LINDO TEMPO Homem de poucas caminhadas e plantador de orações e de muita fé Brincava com as rugas que não tinha, beijava uma amada na janela, sorria Ainda me permitia alguns passos pelos salões da vida, pelos jardins Não apagaram em mim, o sol, a lua e um riacho urrando como leões
80: AINDA DESACREDITANDO Sem saber a distância pra seguir e chegar, nem quanto já caminhou Ainda com muita saudade dos lugares e corpos por onde passou Ainda sem lavar a alma só prá sentir o perfume do último abraço Escondendo nas pedras, correndo dos ventos, se protegendo de tudo
70: DA DOCE DISTÃNCIA CAMINHADA Como foi gostosa a simetria do tempo, nesse doce caminhar até aqui Mentes perfeitas, indeléveis, leves plumas, não se foram: me abraçaram Guardei esses dias, como passarinhas guardam seus ovos: cuidando E os nobres cuidam de suas jóias e de seus desejos a quatro segredos
60: COMO FOI DOCE CHEGAR AQUI Chegar com muitos Chicos, Robertos, Tons, Alexandres, tantos Thans Sem saber que tantas cores nos esperam nas esquinas como guardas Cada vez que dormi numa esquina pintei em sua alma nossos desejos Em cada livro que li, ouvi suas palavras: dormia no espaço das linhas
50: MEIO SÉCULO – METADE DA VIAGEM (ACREDITAVA) Foram muitas serras subidas, muitos tombos, amigos, incertezas e poesia Violões quebrados, desafinados, tantos pedidos, poucos ouvidos e indo Agradecido e ainda sentindo as dores que minha mãe sentiu: 50 anos idos Onde estou é onde piso, como criança lisa, brinco de fugir, sorrindo brinco
40: COMO É DOCE TRABALHAR E SONHAR A gente nem sabia, só sabia que o saber existia, queria liberdade, bons livros, viagens Amar os amores havidos, um pouco dos amores idos, amores dados, doces amoras Que a gente cheira na ponta dos dedos e não lava a camisa e esfrega a pele pra sentir Amor contratado, desconfiado, calado e tão magoado, gritando, sangra no ultimo sorriso
30: BONS E DUROS ANOS Obrigado belo horizonte, sua tão grande beleza me encantou, me tornou menino e me fez feliz Subi suas serras, beijei suas terras e em suas florestas montei o meu ninho e como passarinho Criei minhas filhotes: minha doce vida que tão querida é pra nunca esquecer, doces meninas Também nesse tempo levaram meu melhor e único amigo: meu querido pai. Ainda choro! Choro! Obrigado amiga por tudo!
20: DOCES 20 ANOS COM TODOS OS SABORES De tão lindos não duraram uma década, tão intensos foram poucos meus marcados vinte anos Quando deixei de ouvir e seguir as vozes sábias de quem falava com a sabedoria dos mestres Quando com eles aprendi e entendi que era só início e que nada sabia; meus primeiros festivais Meus primeiros sonhos sonhados, meus primeiros minutos, minhas únicas primeiras estradas
10: UM NEGRINHO MEDROSO Chegando da roça, criado com cheiro de ar e banho de água pura, corrida na bica de bambu Tinha medo de carro, não gostava da luz, pois, tinha saudade da minha lamparina e escuridão Buscava meu gado no pasto, meu cavalo baio, tirava o leite da minha vaca Viçosa e respirava As manhãs eram longas e sadias, meus ventos vadios não me contaram nada dessa historia
0: DEPOIS FUI SABER Não foi por minha escolha que eu estou aqui: Obrigado meu pai, minha mãe, por se amarem Tantas vezes minha mãe me embalou num berço de taquara; nunca me faltaram amor e leite Não foi por seu medo, nem seu segredo, que me deixou na estrada; obrigado mãe, obrigado mãe! Meu pai, a você, forte abraço, cheio de alegria, sorrisos e um violão afinado que eu levo no peito
Assim, nessa tarde fria e cheia de saudade, fiz uma viagem dos 120 aos 0 anos.... acredito que alguma coisa possa ser lida e sentida por nossos leitores... Em todas elas sempre vou amar àquelas pessoas que sempre deixaram seus perfumes em minha estrada. Abraço
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