A sesta

Data 23/07/2017 20:37:15 | Tópico: Prosas Poéticas

Estava na hora da sesta e de deixar os gambuzinos poisar ao som distante de uma música pimba.

Tanto fazia que o pó se acumulasse no jardim ou a relva ficasse um pouco desalinhada. Era dia de sorrir e visitar as assoalhadas que estavam à venda na feira da Ladra.

Amanhã outro pavão cantará e os papagaios ficarão de vigia no rochedo mais alto do monte.

Pediu em troca da sesta uma navalha para cortar o queijo, mas de certeza que estava a brincar, há queijos que se comem à noite enquanto o sono vagueia pelas festas da cidade.

É verdade que fecharam o portão a sete chaves até a Santa acordar, mas, há sempre um "mas" por trás de um homem de garra, de um gato a chafurdar na lama ou de um periquito que rompe as peúgas do diretor geral, eleito numa manhã de primavera, sem contar aos transeuntes do burgo.

Quase vimos as cenas apocalípticas do concurso das aves canoras, mas uma fugiu a rir, era a mais velha e caquética do grupo.

Penso que as caminhadas resultam em excesso de riso, fazem bem aos perdigotos e acalmam a alma.



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