A casa cheia de ti

Data 31/07/2017 23:20:54 | Tópico: Poemas

A casa cheia de ti.

O quarto:
Simples, tão nu,
A cama, estreita e singela -
Corcel de amor tão imenso,
Portadas de borboleta,
Fresta de luz e ternura,
Cheiro ameno e carmesim,
O teu corpo generoso,
Sorriso aberto no tempo,
A tua pele - refúgio terno,
Dormir no teu abraço,
Entrega de firmamento,
Acordar no teu regaço,
Em desejo feito flor,
Amor de alegria mansa,
De coragem no encontro,
O meu corpo enternecido,
A minha pele que te anseia,
Dormitar no teu sussurro.
Ancorada no teu porto.
Acordar no teu sorriso.
Luz morna suave e breve,
Fragrância de mar aberto,
Plenitude no teu colo.


A cozinha:
Tão antiga e perfumada;
Dourada no seu fulgor,
Procura e chão no teu corpo,
Travo a mel na tua boca,
Doce enleio no teu peito -
Que espreito sem pudor,
E beijo com tão fervor,
Lambuzo-me na tua pele.
Abraço de todo o tempo -
Que me consola e me amansa,
Que me percorre e conhece,
Suco morno em pele macia,
Canção sonante no peito.
E encontro-me nos teus olhos -
Furtivos e tão presentes,
Enchem-me as horas de afago,
Ninho, chão, Terra e semente.

A sala:
simples e tão solene,
Alegria numa dança.
Sofá gasto – de prazeres inadiáveis -
que nos acolhe e convida,
Mergulho doce,
Melaço quente,
Porto aberto em mar presente,
Sopro quente em chão demente.

A varanda:
Audaz amante,
Confidente de ternuras,
Amiga de amor-coragem,
Acolhe-nos na viagem,
De devir suave e quente,
Na saudade de milénios,
No desejo de um só toque,
Em cada poro que respira -
Dou-me tua, em plenitude,
Na vertigem do momento
E um futuro tão presente.

E a casa cheia de ti.


Olívia Clara Pena

(Registo IGAC 2131)
































Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=326459