
Balas roubadas
Data 04/08/2017 08:35:15 | Tópico: Poemas -> Crítica
| Balas roubadas
Nos trens e metrôs, Da cidade radiante, pintada de colorida Daquele comercial, marketing e manipulação governamental Vendo balas roubadas... Eu sei, é errado, mas, já deixei vinte currículos E meus três filhos também precisam de abrigo...não é, senhor governador?
Eu uso ponto cinquenta, você usa o sistema A lei e sua, e só te sustenta Deputados, senadores juízes... que grande novela A deusa da mentira que satisfeita se revela No sorriso de cada velho, bandido e gordo Mais dourado e enriquecido que o próprio ouro
As cargas caem, os impostos aumentam A diferença entre nós é a blindagem legislativa E que no final, a mim resta a morte ou a cadeia Jogue nosso dinheiro no mar e faça cara feia A algema não te aperta, mas ainda assim e fria Tem certas coisas que o dinheiro não alivia...
Roube mais, roube com estilo Eu me chamo povo e trocaria esse hiate Pela alegria da Dona Silvia Que morreu antes de conseguir sua suada aposentadoria Quadros, jóias, viagens, carros,coberturas...um pouco de tudo Nossos políticos são gangters que não vendem bagulho
A cada bala, mais uma lei inútil O leão que cresce devorando os próprios filhos Dentro do circo dos sete paraísos Só o dos senadores são mensais Três mil duzentos e oitenta salários mínimos Compulsoriamente, infelizmente, sou obrigado
Mas a esperança e a última que morre Do meu sofá, sinto-me, feito moribundo E sem emprego, sinto-me, um vagabundo Meu suor, quente e salgado, escorre pelo ralo Tanto trabalho, tanto estudo E nem emprego no mercadinho da esquina eu arrumo
Está difícil e vai piorar, Porque ninguém vai parar de roubar Todos os dias é o mesmo prostíbulo Trocam o nosso futuro feito figurinhas repetidas Voto de um vale o peso de milhões Mas quem disse que eu votei?
Lágrimas de sangue eu vou chorar, Porque as contas eu preciso pagar Mas, mesmo com as vendas está difícil aliviar Ainda assim, sigo firme, forte na esperança Porque já vi deficientes e grávidas a se aventurar Pelo balanço dos coletivos, vendendo os clandestinos, pra poder se sustentar.
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