Poemas -> Crítica : 

Balas roubadas

 
Balas roubadas

Nos trens e metrôs,
Da cidade radiante, pintada de colorida
Daquele comercial, marketing e manipulação governamental
Vendo balas roubadas...
Eu sei, é errado, mas, já deixei vinte currículos
E meus três filhos também precisam de abrigo...não é, senhor governador?

Eu uso ponto cinquenta, você usa o sistema
A lei e sua, e só te sustenta
Deputados, senadores juízes... que grande novela
A deusa da mentira que satisfeita se revela
No sorriso de cada velho, bandido e gordo
Mais dourado e enriquecido que o próprio ouro

As cargas caem, os impostos aumentam
A diferença entre nós é a blindagem legislativa
E que no final, a mim resta a morte ou a cadeia
Jogue nosso dinheiro no mar e faça cara feia
A algema não te aperta, mas ainda assim e fria
Tem certas coisas que o dinheiro não alivia...

Roube mais, roube com estilo
Eu me chamo povo e trocaria esse hiate
Pela alegria da Dona Silvia
Que morreu antes de conseguir sua suada aposentadoria
Quadros, jóias, viagens, carros,coberturas...um pouco de tudo
Nossos políticos são gangters que não vendem bagulho

A cada bala, mais uma lei inútil
O leão que cresce devorando os próprios filhos
Dentro do circo dos sete paraísos
Só o dos senadores são mensais
Três mil duzentos e oitenta salários mínimos
Compulsoriamente, infelizmente, sou obrigado

Mas a esperança e a última que morre
Do meu sofá, sinto-me, feito moribundo
E sem emprego, sinto-me, um vagabundo
Meu suor, quente e salgado, escorre pelo ralo
Tanto trabalho, tanto estudo
E nem emprego no mercadinho da esquina eu arrumo

Está difícil e vai piorar,
Porque ninguém vai parar de roubar
Todos os dias é o mesmo prostíbulo
Trocam o nosso futuro feito figurinhas repetidas
Voto de um vale o peso de milhões
Mas quem disse que eu votei?

Lágrimas de sangue eu vou chorar,
Porque as contas eu preciso pagar
Mas, mesmo com as vendas está difícil aliviar
Ainda assim, sigo firme, forte na esperança
Porque já vi deficientes e grávidas a se aventurar
Pelo balanço dos coletivos, vendendo os clandestinos, pra poder se sustentar.

 
Autor
neon
Autor
 
Texto
Data
Leituras
662
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 04/08/2017 19:10  Atualizado: 04/08/2017 19:10
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: Balas roubadas
Disse bem aquilo que muita gente tem entalada na garganta. Quisera eu que chegasse lá no Congresso, em letras garrafais e gigantes, o teu texto realista e social. Parabéns e um forte abraço!